sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Brincadeiras no Leito

                      O RIO DA MINHA INFÂNCIA


O Gaspar Lopes está seco. A vegetação ciliar verde.

Nosso rio cheio de tristeza, meus olhos são o espelho desse leito.

Levo a vida 'severina' nas veias desse rio intermitente para não me entristecer.

Rio, que juntamente com a meninada, de baladeira caçava passarinhos, tomava banho no Poço do Machado
.
Derrubava coco de carnaúba, jogava bola no seu leito seco.

Amo esse pedaço de chão com todas as dores de abandono, que esse rio me oferece.

Hoje vejo galhos secos de árvores derrubadas para fazer carvão;

Várias cercas no decorrer dos seus meandros separando pedaços do rio, como se tivesse sido loteado em terras alheias.

Vejo também poluição visual com sujeira e muito lixo doméstico.

Nas cheias corre entre areias e pedras. Água salobra com teus lamentos,

Teus filhos não joguem em ti os teus enganos, leito ferido.

Minha sina, minha sorte, é escrever o que você nos deu enquanto menino.

Ainda bem que a natureza rega nosso sonho trazendo ilusão de um futuro melhor.

E vou vivendo num passado no fundo d'alma quando criança.


                                                           Marcos Calaça, jornalista (UFRN)

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