Poemas

                           Minha mãe - Im Memórian

                       Francisca F. da Silva (amiga de todas as horas)(1911-1989)
       

                                         

                               Ó rainha do lar que conheci
                               Nos meus primeiros anos de existencia
                               Ó divina mulher que sempre me ensinaste
                               A só fazer o bem em minha crença.

                               Os anos se passaram e hoje digo
                               Distante dos carinhos de outrora
                               Que deus te pague na eternidade
                               O que eu não posso te pagar agora.
           
                               Pois jamais esquecerei aquele afeto
                               Que recebi e recebo todo dia
                               Da sua voz pra mim num céu aberto
                           
                               Como lamento ter de ver passar
                               O prazer que eu sinto por te ver
                               E tão pouco tempo nos restar.

                                   Prof. e Poeta João Bosco 
 ______________________________________________________________

                                 O PESCADOR

                                            IBANI COSTA



Soprava o vento as palhas de um coqueiro

Saudando alegre um barco que partia,

Levando um forte homem que queria,

Buscar no mar o pão p'ro lar inteiro.



Na concha azul a ave que voava,

Deixou cair um beijo com doçura,

Abençoando aquela criatura,

Buscando longe o pão que lhe faltava.



E em mágicos deslizes o bailado,

Da onda mansa carregava um bravo,

Que se tornou do mar fiel escravo,

Devido ao seu amor ao lar sagrado.



Uma criança frágil de seis anos,

Com a magra mão acenos lhe enviava,

E ao coração baixinho murmurava:

"Volte logo, papai, nós esperamos".



Nem do lugar mais alto de um monte

Se via mais o homem do barquinho,

Pois não passava de um banal pontinho,

Perdido no infinito do horizonte.



Passaram-se três dias de repente,

Um ponto vem crescento já de volta,

A vela do barquinho ao vento solta,

Tornou-se rubra como no poente.



A mãe e o filho a sorrir correram,

Para abraçar o homem que voltava,

Sem reparar que o mar triste chorava,

E o coqueiral dorido emudecera.



O frio vento que parou com as horas,

Sussurrou algo, e aquela que corria,

Caiu por terra, e o filho lhe dizia:

Por que choras mãezinha, por que choras?



Seu pai, meu filho, partiu num barquinho,

Já fez três dias eu o esperava,

Para ele todo dia eu rezava,

E o barco triste encostou sozinho.





Ibani Costa (1957-1977). Nasceu em Pedro Avelino-RN,

ganhou o festival popular de música em Belém do Pará

em 1974. Faleceu muito jovem tragicamente em Natal.

 _______________________________________________________________________


    Eu e Eles- Relembrando Grandes Pessoas.





Eu sou machado e Pedro Cunha

Eu como carne e Manoel Toucinho

Eu sou de ferro e João de Barro

Eu sou a hélice e Manoel Leme

Eu sou biscoito e João Bolacha

Eu jogo pedra e João Bola

Eu sou garrote e Manoel Bezerra

Eu sou jardim e João Flor

Eu cobro feira e Chico Coleta

Eu sou da terra e Maria do Céu

Eu caço Peba e José Anta

Eu sou afluente e João Riacho

Eu sou da praia e Chico da Barra

Eu topo briga e João Batalha

Eu sou desconhecido e Manoel Charapinho

Eu sou galego e Chico Preto

Eu sou folião e José Pereira

Eu sou parente e Manoel Sobrinho

Eu sou divino e Maria Trindade

Eu sinto dor e Chico Caimbra

Eu sou betume e Chico Gasolina

Eu sou cenoura e o Velho Batata

Eu sou ferrolho e Zacarias Travessa

Eu sou clareira e Joaquim Campos

Eu sou capitão e Alexandre Tenente

Eu sinto tristeza e Chico Alegria

Eu sou Jurema e João Nogueira

Eu sou feliz e o Velho Asilado

Eu sou lobo e Chico Raposa

Eu sou limpo e João Rajado

Eu sou coelho e Joaquim Rato

Eu sou cinzento e Antônio Marinho

Eu sou índio e Caboclo Chico

Eu sou o ninho e Cobra Choca

Eu sou da praça e João da Mata

Eu sou linheiro e Lenga-Lenga

Eu sou cabrito e José Carneiro

Eu sou do Óleo e Chico D’água

Eu sou do escuro e Maria da Luz

Eu sou a foice e Chico Machado

Eu sou moinho e Manoel Palheta

Eu sou do pinto e Antonio do Galo

Eu sou água e MARIA Fogo

Eu sou a planta e Arnaldo Rosa

Eu sou espinho e Joca Roseira

Eu sou arara e Chico Priquito

Eu sou de amolar e Manoel de Lima

Eu sou mecânico e Luiz Ferreiro

Eu sou magro e Antonio Grosso

Eu sou galo e Cirilo Capão

Eu sou coelho e Chico Macaco

Eu sou peru e José Guiné

Eu sou avião e João passarinho

Eu sou de pai e José de Mãe

Eu sou tatu e Manoel Peba

Eu sou pescoço e José Cabeça

Eu sou José e Segundo Maria

Eu nada capo e Sebastião Capa-Galo

Eu sou cabrito e Manoel Bode

Eu sou piranha e Chico Potengi

Eu sou pagão e Chico Bento

Eu sou de Buda e João da Cruz

Eu sou elefante e Severino Leão

Eu sou barra e Júlio Pintado

Eu sou grande e José Pequeno

Eu sou pequeno e Maria Grande

Eu sou cumprido e Mário curto

Eu jogo foice e Luiz Cacete

Eu tenho alegria e Chico Chagas

Eu sou jandaira e José Saburá

Eu quero coco e Manoel Catolé

Eu sou criança e Pedro Velho

Eu sou granizo e Luciano das Neves

Eu caço peba e Severino Preá

Eu sou florido e Manoel Cachiado

Eu sou sabido e João besta

Eu sou xícara e Meira Pires

Eu sou de argila e Júlio da Rocha

Eu sou a planta e José Rosa

Eu sou dos mesquinhos e Manoel Franco

Eu sou acordado e João Cochila

Eu sou besouro e Manoel Mosquito

Eu sou pastor e Jose Padre
Eu sou charlatão e Manoel Doutor
Eu sou do Brasil e Chico Português
Eu sou duro e Chico Mole
Eu sou oiticica e João Gameleira
Eu sou do gingado e Manoel dos Passos
Eu sou Bosco e Pedro Avelino.


                                Prof. e Poeta João Bosco
 

 _________________________________________________________________________________

                    EU E ELAS- FAZENDAS DE PEDRO AVELINO


Eu venho do velho mundo e vou para TERRA NOVA;
Eu vejo do alto pois tenho BELA VISTA;
Tu gostas da vila e eu de CONDADO;
Com tanta água salgada encontrei POÇO DOCE;
Para que desepero se tem BOA ESPERANÇA;
Aqui é raso, lá é RIACHO FUNDO;
Estou no Líbano, você na ARÁBIA;
Vou de cavalo, você de CRUZEIRO;
Eu nado bem , mas paro no GARRANCHO;
O meu limite termina em DIVISÃO;
Subi a montanha lá em DOIS CABEÇOS;
Pra que ficar triste se tem SANTA FÉ;
A minha tristeza se acaba quando chego em MONTE ALEGRE;
Viajei muito e vi BELO MONTE;
Depois da luta vem BOM SUCESSO;
Eu já vi rio Tinto, você RIO DO FEIJÃO;
Meu lugar é bom, mas só VAI QUEM QUER;
Eu moro perto de RIACHO DO MEIO;
A fazenda da serra é bom LOGRADOURO;
Assu tem rio Piranhas, aqui RIO MARACAJÁ;
Todo o meu leite vem do GADO BRAVO;
O pescador é da água e o sertanejo CAMPESTRE;
Angicos tem o Cabugi, nós temos SERRA AGUDA;
Não se desespere, você tem BOM JESUS;
Na época do inverno, é linda a BARRA;
Eles estão em guerra, nós em UNIÃO;
É ótimo o sabonete de AROEIRA;
A jurema está seca e o PAU FLORADO;
Na humildade se lembre de SÃO FRANCISCO;
Ele mora em (A)Guamaré e eu em ALAGAMAR;
Ele mora em Carnaubais e você em PALMEIRAS;
Ele é pagão e você BENTINHO;
Eu sou Maria e Cauby CONCEIÇÃO;
Não chore, a felicidade está na VOLTA;
No semi-árido temos ARVOREDO;
Boa viagem e DEUS NOS GUIE;
Não precisa ir ao Norte, aqui temos AMAZONAS;
De longe avisto Serra Aguda, de perto SERROTINHO;
Laginha tem cal, pertinho DIAMANTINA;
O Gado Bravo é criado em Barra Mansa;
Quilombola é em Aroeiras, aqui é BAIXA DE NEGA;
O velho casarão Está em SÍTIO NOVO;
Boa paz é um BOM PRINCÍPIO;
No leito do rio Gaspar Lopes tem uma LAGOINHA;
Na sua fazenda tem rios, aqui CÓRREGOS;
Ao chegar no céu, encontrarei SÃO PEDRO;
Na caatinga eu tenho SERRA VERDE;
Vendo o céu aberto eu tenho SANTO ESTEVÃO;
No meio dos gentiões eu tenho SÃO PAULO;
Não é só no Centro-Oeste, aqui temos BRASÍLIA;
Tudo no meu lugar é PROVIDÊNCIA;
Ali tem piçarro, aqui MASSAPÊ;
Na praia tem zumbi, aqui as ALMAS;
Antes era Caboré, agora é SANTA HELENA;
As melhores caieras estão em LAGINHA.


                                       João Bosco da Silva, professor e poeta 08/08/2011




                                                  Poema-  Ginásio Paulo VI 
  

    Tive a felicidade de ter sido diretor por cinco anos do Ginásio Paulo VI e na ocasião dos 42 anos de funcionamento, ofereço esse poema aos alunos e aos ex-alunos da escola. 

És tu oasis desta região
Quente e sofrida terra do sertão
De ti, sairão amanhã novos valores
Que irão engrandecer esta nação.

Tu que nasceste de um sonho multicerto,
De homens que pensavam no porvir
Estás servindo muito, agora no presente,
E hás de servir a gerações que hão de vir.

Um dia, bem longe desta amada terra,
Quero escutar teu nome enaltecido
Também dizer quanto beleza encerras.

Se querem ver a terra progredir
Ajudem àquela obra tão sublime
E nunca pensem, ó homens, em destruir.


                        João Bosco da Silva, professor e poeta  08/08/2011