Poemas “Exaltação” e “Pitangueira” de Palmira Wanderley.
Exaltação
“Porque eu te quero bem, eu desejo ser tua;
Tua toda tua, inteiramente tua;
Na completa renúncia do meu ser...
Porque eu te quero bem, quero que sejas meu,
Todo meu só meu e unicamente meu,
Na grande exaltação de te querer
Porque que quero bem é que, numa ânsia louca,
Sofro a condenação de querer e esperar...
Até que a sementeira amadureça
E os beijos quentes que tu tens na boca,
Rebentem em minha boca, a saciar
Porque eu te quero bem
É que minha alma estua
Na contida expansão de quem deseja e quer...
Porque eu te quero bem eu desejo ser tua;
Na imolação divina de me dar,
Pela glória maior de ser muher!”
Pitangueira
Termina Agosto... A pitangueira flora
A umbela verde cobre-se de alvura,
E, antes que se Setembro finde a aurora,
Enrubesce a pitanga... Está madura.
Da for, o fruto é de esmeralda, agora...
Num topázio depois se transfigura,
E, pouco a pouco, um sol de estio a coroa,
Dando cor de rubis à carnadura.
A pele é fina, a carne é veludosa,
Vermelha como o sangue, perfumosa
Como e humana a sua carne fosse...
Do fruto, às vezes, roxo como o espargo,
A polpa tem um travo doce-amargo,
-O sabor da saudade, amargo e doce...
Palmira Wanderley
Palmira de França Wanderley (1894-1978). Natural de Natal, Palmira e considerada uma das figuras mais importantes da poesia feminina do Nordeste, ao lado de Nísia Floresta e Auta de Souza. Publicou “Esmeralda” (1918), “Roseira Brava” (1929) e colaborou em diversos jornais e revistas literárias do país.
Neste prédio denominado "O Ninho do Amor", a poetisa ia morar com o seu amado Moises Soares de Araújo, mas ele faleceu antes do casamento em 1922, deixando-a inconsolavel. No lugar, hoje, é o edificio Cidade do Natal.
Prof. e Poeta João Bosco
Mulher potiguar que recebeu merecido titulo de" poetisa oficial da cidade do Natal" E compartilhando aqui, as palavras do escritor e crítico Tristão de Andrade " Palmyra Wanderley o maior poeta feminino do Nordeste". Que sensibilidade poética!
ResponderExcluirQue cheiro bom!...
Que coisa deliciosa
Cheirei, agora, como por encanto!...
Fosse, talvez, um cálice de uma rosa
Não cheiraria tanto.
De onde é que vem esse perfume assim?
Perfume novo e velho para mim,
Forte, tão forte, que me entonteceu,
Se mistura comigo e não sou eu? ...