sexta-feira, 9 de março de 2012


TÚNEL DO TEMPO
Marcos Calaça, jornalista (UFRN)
Manhã alegre aquela que vi algumas coisas de minha infância em Pedro Avelino. A vida tem sido comigo maravilhosa, principalmente, escrevendo crônicas voltadas para um passado feliz, um saudosismo lindo.
Numa dessas eleições da vida, retornei ao Grupo Escolar Abel Furtado, onde estudei o antigo curso primário e lembrei de muitas coisas boas. As salas de aula; o pátio do recreio; o velho campo de futebol, com pedras e tocos que arrancaram muitas cabeças de dedo; as imensas pedras pelo lado de fora; as velhas algarobas e outras coisas diferentes. Por outro lado, não temos mais a passagem do trem de carga, que contávamos o número de vagões, e também desapareceram a cisterna e o que chamávamos de escorrego, que na verdade era um batente inclinado na casinha da escola. Uma pena. Não sabia que essa 'visita' iria colocar o ontem no hoje.
No recreio, sopa de bugó. Na entrada do grupo a meninada vendia poli, pirulito e outras guloseimas. Alguns garotos  participavam de brincadeira de tica na turma dos pequenos. Imagine um dia qualquer no ano de 1971 num vai e vem, há um choque na indecisão, entre eu e Iran Pereira Pinto (Iran de Zé Leôncio) que participava no tica dos alunos maiores, testa contra nariz. Iran foi direto para a maternidade e, por isso, até hoje fala fanhoso. O detalhe é que Edcleiton começou a me 'aperrear', dizendo:'eita, Iran vai morrer'. Fiquei nervoso e chorei muito.
O medo de andar em cima do muro era grande, pois eu achava essa 'muralha' muita alta e é incrível que muitas crianças corriam nesse paredão. Qualquer confusão, alguém dizia:'te pego lá no riacho de Geraldo Antas'. Ao chegarem nesse pequeno córrego, um moleque passava um risco no chão que simbolizava uma das mães. O que apagasse ou cuspisse o traço primeiro, estava xingando a mãe do outro. E a briga estava formada.
E as professoras? isso é outra crônica.
Saudade, um vazio que fabrica lembranças.


Escrito por MARCOS CALAÇA

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