As crianças são as que melhor sabem brincar o jogo do faz-de-contas com a imaginação, já os grandes vão perdendo progressivamente essa capacidade. Acho até, que é por efeito de uma doença que, creio eu, eles pegam na escola. As escolas e seus programas não sabem o que fazem com a imaginação, por que não há formas de fazer testes de múltipla escolha. As pessoas olham para as coisas e vêem somente as coisas, enquanto as crianças vêem outras coisas.
Mas a imaginação só, não faz a arte. O artista usa o cinzel, pincel, tinta. A criança para fazer seus brinquedos usa o canivete, o afiador, o martelo, o serrote, o alicate, as agulhas, os barbantes, a régua, as cordas, o fogo, um arame em brasa para furar a madeira, e ainda maisena que faz o grude. É bem verdade que as vezes nos cortamos, martelamos o dedo, nos furamos com a agulhas, nos cortamos com o serrote, mais não há jeito de aprender a usar a ferramenta sem sofrermos machucões. No entanto aprendemos a cuidar dos nossos ferimentos sem precisar chorar.
Fazer um brinquedo é um trabalho que se faz com prazer, sem precisar que ninguém mande. Tudo que se faz com prazer é brinquedo. Quando nós estamos com preguiça de trabalhar ou estudar é porque aquilo que esta sendo feito não é um brinquedo. É trabalho forçado, é estudar buscando uma nota. Não é coisa que dê prazer.
Aqueles que brincam não ficam velhos, ainda que os cabelos fiquem brancos, mas sempre existirá uma alma infantil latente.
João Bosco da Silva
Poeta e Professor.
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