terça-feira, 23 de agosto de 2011

                                          A ÚLTIMA PESCARIA
 

   No ano de 1958, a maior seca do século XX, perdendo em desertificação e desimação do rebanho, apenas para a seca dos dois sete (1877). Vimos pela primeira vez o nosso açude secar plenamente, chamado de Açude do Governo. A água foi tornando-se barrenta até virar cor de mostarda e, finalmente, lama.

   Quando não servia mais para beber, nem para cozinhar, o prefeito municipal Geraldo Antas, autorizou a pescaria.

    Nunca se viu tanta gente dentro daquela bacia, procurando levar o último alento para suas famílias. Os mais preparados usaram redes, outros, landuás e a maioria usava um porrete afim de pescar a traíra que morde mais que uma cobra.
 
    Em menos de uma hora, a água enlameada ficou preta. E as curimatãs e as traíras começaram a subir até a flor d'água.

    Para as crianças, além da diversão, restavam as piabas.
À tarde, todos voltaram para suas casas, felizes com os peixes. Alguns com os dedos cortados pelas mordidas.
 
     No outro dia o bicho pegou. A água passou a vir de trem e do açude de Flores.Da cacimba do Km 30 e da Baixa do Juazeiro Que tempos ásperos! 


                                                         Prof.e Poeta João Bosco da Silva

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