quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


AS QUATRO BOCAS
Marcos Calaça, jornalista (UFRN)
Aqui passaram boas lembranças:
A mercearia de João Riacho, na esquina,
Os primeiros lanches na lanchonete de Assis Bezerra,
As cocadas da lanchonete de Antônia Braulino,
O bar arrochado de Ramiro,
Jogos de bilhar e sinuca no prédio de Antônio Rufino,
As primeiras caebas,
O bar de Fuíba e as conversas fiadas,
A vida alheia nas esquinas,
O comércio de Dedinho com frutas e cachaça,
Os discursos políticos,
As discussões após um Flamengo e Vasco,
O local apertado de trabalho de Zezinho Sapateiro,
Jogos de cartas e de bicho no armazém de Mimim,
A bodega de Luís Cadó,
A farmácia de Zelito Calaça,
O boteco de dona Chicula,
A ‘ceasa’ de Zé Pereira,
A barbearia de Antônio Tomaz,
As preliminares para as festas no Country  Club.
Na década de 70, a lousa da sinuca indicava a palavra SAUDADE.
Ruas e becos que se unem para formar as quatro bocas,
E terminam na solidão que o tempo deixa para sempre.
Ah!, se uma dessas bocas falasse!

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